domingo, 24 de maio de 2009

grátis

2 coisas a que os portugueses (tanto homens como mulheres) não resistem. coisas grátis, e cartões de pontos. eu se tivesse um estabelecimento comercial escrevia assim no vidro "cartão de pontos absolutamente grátis". é uma coisa impressionante. parece magia. a palavra grátis hipnotiza as pessoas...

imaginem, montavam uma banca na avenida central, e tão certo como estarmos em braga logo iam aparecer pessoas a querer saber se estavam a dar alguma coisa:

-boa tarde, estão a oferecer alguma coisa?
-sim estamos, queremos que as pessoas experimentem o nosso novo veneno para ratos.
-ohh isso não quero...
-mas é grátis, iva incluído!
-ahhhh então se calhar experimento, se não se paga.

e nem foi preciso oferecer um cartão de pontos. é um feitiço. lembro-me perfeitamente que quando era puto ia à expovez e pegava em quanta porcaria estivessem a dar: porta-chaves, leques de plástico, tapetes para ratos, enfim, tudo, podiam-me dar um saco de lixo que eu aceitava. como é óbvio já me curei e sou agora completamente imune a coisas grátis e a cartóes de pontos... mas naquele tempo andei por maus caminhos...

adiante, os cartões de pontos foram uma invenção de um chico-esperto com uma compreensão da mentalidade tuga acima do normal. tiro o chapéu a quem teve esta ideia. se não estou em erro os primeiros cartões de pontos que apareceram foram os da galp e da shell e consistiam no seguinte: o cliente pedia o cartão (que provavelmente era grátis) e depois por cada litro de gasolina ganhava 1 ponto. quando tivesse um certo número de pontos podia trocar os pontos por prémios. no fundo era um engana meninos, porque para um pacote de chicletes por exemplo, eram precisos 754 621 pontos... mas o povo adorou a ideia, e certo certo é que tanto a galp como a shell podiam aumentar o preço à gasolina que ninguém se ia importar, afinal de contas iam acabar por ganhar prémios.

assim, o cartão de pontos surge como um complemento irresistível a tudo o que seja grátis. situações há em que a oferta em si não é suficientemente tentadora para convencer as pessoas a aceitarem e é nessas situações que o cartão entra em cena. por exemplo, imaginem uma clínica médica de remoção de orgãos humanos (se é que tal coisa existe). para chamarem a atenção às pessoas tinham de escrever "grátis" nos vidros, mas depois, uma vez lá dentro, confrontadas com a oferta que lhes ia ser proposta as pessoas provavelmente iriam recusar. é aqui que entra em cena o cartão:

-bom dia senhor doutor, estão a oferecer operações grátis?
-bom dia, estamos sim. remoção de um rim completamente grátis, isenta de impostos.
-hmm sr. doutor a oferta é tentadora mas não sei se posso aceitar...
-ao submeter-se à operação ganha também um cartão de pontos que lhe dá a possibilidade de ganhar prémios fantásticos!
-tem catálogo de prémios?
-temos sim, quer ver?
-se for grátis, já agora dou uma vista de olhos.
-esteja à vontade.
-oh sr. doutor, uma torradeira só 300 pontos? quantos pontos dá um rim?
-um rim? 100 pontos.
-ahhh que pena, só tenho 2.
-talvez haja outro prémio que lhe interesse...
-oh sr. doutor, e se eu der um pulmão? assim como assim não preciso de 2.
-um pulmão só dá 50 pontos porque é muito difícil de remover...
-e não há mais nada que possa remover para fazer 300 pontos?
-só se for o fígado...
-hmm, e fico com 300 pontos?
-fica sim.
-vamos a isso então, também o fígado não serve para nada, assim sempre posso beber à vontade.
-vamos lá então...
-ahh, espere. a torradeira tem garantia?
-tem sim, 3 anos.
-ahh, então tá bem.


é assim o portuga, faz qualquer coisa, desde que seja grátis e lhe dêm um cartão de pontos.

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