domingo, 30 de janeiro de 2011

já faltou mais, mas ainda falta

2 anos, estava eu em cape town, recém-chegado, numa espécie de tour pela cidade, aquela feia cidade que mais parece um vilarejo medieval, sobretudo se comparada a metrópoles do calibre de guimarães ou braga. eu sinceramente não me imagino a viver numa metrópole onde à noite não seja possível ouvir as corujas e os mochos. não me imagino a viver numa metrópole onde não seja possível ouvir um cão a ladrar a meio da noite, numa ponta da cidade, e outro a responder-lhe, da outra ponta. não me imagino a viver numa metrópole onde não se ouçam galos a anunciar o nascer do dia. não. nem pensar. numa dessas cidades com vários milhões de habitantes, que têm o seu próprio respirar, uma espécie de ruído de fundo característico de quem está vivo, numa dessas não me apanham. eu gosto é de predictabilidade. saír à rua e reconhecer as caras que vejo, de outros dias que foram ficando para trás. gosto daquela sensação de claustrofobia que advêm da impossibilidade de fugir à rotina e quietude. gosto de saber que o meu amanhã vai ser exactamente igual a hoje, que por sua vez já é uma cópia de uma cópia. e gosto especialmente de ter perfeita noção que é assim que o tempo se me vai escapando. é a felicidade suprema ao alcance do comum mortal. tudo neste pedacinho de céu a que um dia, num outro tempo, alguém resolveu chamar de portugal.





amanhã é o met, aquela festa cheia de pila e pessoas animalescas onde eu, graças a deus e à sua infinita sabedoria, muito provavelmente nunca mais irei. calha bem porque tenho de ir a braga;).

sábado, 29 de janeiro de 2011

souto city

corria o ano de 2005, o já longínquo e relativamente desfocado ano de 2005, quando, talvez prevendo um verão espectacular de mais, pouco após o fim da época de exames, eu, o gigio, o pirocas e o marcos nos inscrevemos num programa de voluntariado. sim, é verdade, somos assim tão altruístas. basicamente, a troco de 14 euros, tínhamos de passar umas horinhas na capela de monserrate a olhar pa mata e avisar caso avistássemos fogo. quem é que, nesta troca, dava mais do que recebia? quem? digam lá. todas as manhãs, lá íamos nós, de toalha na mão, eu com a velhinha guitarra do meu primo a tiracolo, o pirocas com um djambé pequenito, o marcos de rádio na mão e o gigio com o bronzeador. claramente, qualquer traunsente que olhasse para nós, sentiria imediatamente um grande orgulho ao reconhecer em nós jovens trabalhadores esforçados, preocupados com o flagelo dos incêndios. anyway, uma vez lá em cima, era então tempo de estender as toalhas e estendermo-nos também. pelo menos enquanto o movimento de rotação da terra não levasse a sombra para longe de mais. e de vez em quando alguém dizia:

- vai ver se tá alguma coisa a arder pah.
- foda-se, eu fui o último, vai tu cabrão, nunca vais!
- olha que filha da puta, sou sempre eu que vou...
- po caralho pah.
- oh, que se foda então, também não deve tar nada a arder a esta hora.

todos os santos dias passava a "hotel yorba" e a "feel like john travolta" na radio. todos os dias também, ao meio-dia, ligavam-se os altifalantes com música religiosa, o que levava o pirocas a proferir uns bastante audíveis "cala-te ò filha da puta". eu dizia sempre que era lindo que um dia, enquanto ele estivesse para lá naquele recital, viesse uma procissão a subir o monte, a carregar a santinha, e a cantar avé marias... lol. dá-me ideia que sacrificavam-no logo ali em honra da santa.


sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

generalizo sim senhor!

tenho imensa dificuldade em entender aquelas pessoas que se sentem ofendidas com as generalizações. não será esse sentimento aquilo que na gíria se designa por "enfiar a carapuça"? é que dá toda a ideia que sim, que é, porque objectivamente, a generalização é um conceito perfeitamente válido e aplicável. se temos uma amostra para a qual determinadas características se verificam, é completamente razoável assumir que essas mesmas características, em geral, se verificarão no universo que essa amostra representa. dou um exemplo... não, dou 2 para não me acusarem seja do que for: é errado afirmar que todas as mulheres portuguesas são ranhosas. mas deixa de ser tão errado assim, com base na amostra que se tenha à disposição, afirmar que grande parte o é. é errado afirmar que todo e qualquer homem português é um macaco, burro como uma porta, mais primário que o homem de neanderthal. mas não é de todo descabido dizer que a afirmação anterior é válida para uma percentagem superior a 90% da população masculina portuguesa. espero ter-me feito entender. reparem, não raras vezes, quando se recorre à generalização, vem à tona o argumento "não generalizes, nem todos/todas são assim"... ora, haaaaa... não será isto um pleonasmo? não sei. digo eu. talvez se se substituísse a palavra "generalizes" por "totalitarizes"...

enfim, quem se sente ofendido com generalizações só pode ser por estar a "enfiar a carapuça". eu sou português (infelizmente) e se me dissessem "os tugas são mesmo estúpidos" não só não ficaria ofendido como teria de concordar.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

sbsr

estranho. muito estranho o super bock super rock deste ano. até agora, estão confirmados the strokes, arctic monkeys, beirut e portishead... ou seja, até ver, nada de lixo. convenhamos que não é algo que se veja com frequência neste belo país de belos costumes. normalmente, quem quiser ver uma banda de jeito tem de se sujeitar a levar com toneladas de merda em cima. gira tudo à volta do dinheiro mas, ao fim e ao cabo, não é menos verdade que se fôssemos um povo minimamente culto, estas coisas não aconteciam. por alguma razão, em países a sério, há festivais onde é possível apanhar várias bandas em condições no mesmo dia.

bom, seja como for, mesmo sem saber o cartaz final, quero muito ir a este super bock super rock. não me parece é que vá ter essa sorte. calha em plena época de exames, de 14 a 16 de julho, pelo que não tenho grandes esperanças de estar livre para ir lá pa baixo nessa altura.


teorema do macaco infinito

acabei de ler a última crónica do rap na visão e estou para aqui a rir-me que nem um perdido. lol. não resisto a copiar para aqui um excerto:

"O leitor está familiarizado com o Teorema do Macaco Infinito? Se, como eu, é tão apreciador de teoremas como de macacos infinitos, estará certamente. Mas àquele reduzido número de leitores que não têm interesse especial por proposições demonstráveis e símios eternos, posso revelar que se trata de um teorema que afirma o seguinte: se um macaco martelar aleatoriamente as teclas de uma máquina de escrever durante um tempo infinito, acabará por, quase de certeza, dactilografar um texto como, por exemplo, as obras completas de Shakespeare. Não é, admito, um teorema a que se adira com facilidade. O bom senso diz-nos que o mais provável é que o macaco use os primeiros dez minutos do tempo infinito para partir a máquina de escrever e depois passe o resto da eternidade a comer bananas infinitas. Além disso, é um teorema difícil de provar, sobretudo tendo em conta a escassez de macacos infinitos - que obstaculiza o progresso científico de várias maneiras. Foi dessa frustração teórica que parti para postular o muito mais facilmente verificável Teorema do Ser Humano Finito. Diz assim: se certos seres humanos martelarem as teclas de um computador durante um tempo que não precisa de ser infinito, acabarão por, quase de certeza, dactilografar um texto que exprime opiniões próprias de um macaco. A experiência decorre, com um sucesso assinalável, nas caixas de comentários dos jornais online."

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

portugal vs lituânia round 2

portugal vs lituânia round 1


encontrem as diferenças

quem gosta daqueles passatempos de encontrar as diferenças que preste atenção aos meus próximos 2 posts. aviso desde já que vai ser um desafio imenso. as semelhanças entre as 2 realidades retratadas nas imagens é tal que até o mais conceituado especialista se veria em apuros para descortinar as pequeníssimas diferenças entre elas. enfim, o único conselho que vos posso deixar é que cliquem nas imagens e as vejam em ponto grande. é apenas uma pequena dica. boa sorte a todos.

espectaculare

loooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooool. não comento.


sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

couldn't care less

hoje ao vir pos arcos ouvi na rádio o hino de campanha do cavaco. está qualquer coisa de espectacular, ora ouçam lá, e digam-me se não tenho razão. por uns momentos até dá ideia que portugal é o melhor país do mundo e que temos uma sorte do caralho por cá viver. mas enfim, deixando os hinos de campanha de lado, que muitas vezes são a melhor parte da mesma, falemos então das eleições em si. estas que, sendo tão inúteis como todas as outras, têm a particularidade de eleger alguém para um cargo também ele completamente inútil. confesso que o meu interesse nesta campanha que dura há umas semanas tem sido absolutamente nulo, como é meu apanágio aliás e assim sendo, vou votar no meu fiel candidato de sempre: a abstenção. dir-me-ão que sou uma besta, que é por causa de pessoas como eu que este país não avança, etc, etc, blah blah blah... aquele discurso velho e gasto de quem não tem ideias próprias nem sabe muito bem o que dizer. a essa gente eu só digo: têm sido brilhantes os resultados dessas vossas históricas votações do pós 25 de abril. sem dúvida, estamos cada vez melhor;).

sou-vos sincero, não acho que algum dia vá dar-me ao trabalho de votar. é um esforço completamente inútil. é como remar contra a corrente, não leva a lado nenhum. não há opções válidas, nem solução que seja para este país. no dia em que esta lixeira se estiver a afundar no mar, eu vou estar lá longe, a ver pela tv, com um sorriso nos lábios.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

portas

paulo portas tencionava concorrer à presidência da república mas foi vítima de um complôt orquestrado por cavaco silva e manuel alegre. a wikileaks revela esta quarta-feira vários telegramas secretos que dão conta da apreensão de cavaco e alegre face à força de portas e do seu slogan. o líder dos populares era considerado uma séria ameaça pelos seus concorrentes que preferiram cortar o mal pela raíz e usar todos os meios ao seu dispor para afastar portas da corrida. a wikileaks torna público também aquele que era um esboço do que haveria de ser o cartaz eleitoral de portas:


brasil

não sei o que se passa com 2011. está a começar bem de mais. polónia em fevereiro, brasil em março... hmmm, será isto um sinal de que vou morrer atropelado por um camião cisterna? é que não estou, de todo, habituado a que as coisas me corram assim, bem. mas enfim, nem tudo são rosas, vou perder a folia carnavalesca de arcos de valdevez, onde certamente será batido mais um record do guiness, bem como a tradição da melhor noite da mulher no sardinha. vai-me custar abrir mão de coisas tão importantes e espectaculares como estas mas, suponho que não se pode ter tudo, não é? lol.

domingo, 16 de janeiro de 2011

mas que urso

lol, ouçam-me só esta personagem:





produtos essenciais. coca-colas. pepsi-colas. lol. só faltava falar em bollycaos, chocapics, rebuçados, chupas...

sábado, 15 de janeiro de 2011

estrokes

como diria o saudoso simão colhões, ouçam "estrokes" mas é:p


parvoíces e disparates

confesso que gosto de discutir com o bira. por uma razão muito simples, que é a seguinte: o rapaz tem sempre resposta para tudo. argumenta sempre de volta, quanto mais não seja recorrendo ao uso daquele recurso linguístico chamado disparate. foi o que aconteceu hoje, em mais uma noite a reter na memória para um dia mais tarde contar aos netos. de uma série de afirmações interessantes, desinteressantes, acertadas, estúpidas, saíram também as seguintes:

"oh pah, os gajos também tem de se sujeitar ao que há, claro que anda tudo atrás do mesmo, mas é mesmo assim. é o que há. tu também não és nenhum modelo, tens de te sujeitar"

ou seja, se fôssemos todos modelos, então sim senhor, haveria motivo para dizer que algo de errado se passa com o rácio obscenamente desequilibrado deste país, como não somos, então tudo bem. no fundo isto equivale a dizer que somos tão maus, mas tão maus que, vá lá, valemos cerca de 0,1 mulheres cada. é capaz de ser verdade é. eu era capaz de jurar que esta gente, macacos e pequeninas, se merece mutuamente, mas lá está, eu sou um grande parvalhão. sobre isto, fui agora desenterrar uma mensagem duma polaca ao facebook, que, disse-me ela, já esteve em portugal, espanha, itália, grécia, turquia (os 5 da pila) e na suécia:

"hehe yes..but I noticed that in those countries, especialy in portugal, when I see the couple usually boy is handsome and a girl ugly.then i think how is it possible that he wanted her ?:D lol but it's working like that..love love :)"

e eu, qual alma caridosa, tive a amabilidade de lhe explicar que todos esses handsome boys que ela viu com gajas feias, na verdade têm apenas 2 opções: ou a feia, ou a mão. e perguntei-lhe se na suécia também eram uns animais e lhe pagavam tudo. resposta:

"in sweden or poland they dont fight for territory or girls I guess...oh sometime a friend bought me a beer or sth..but they didn't do it with goal..just let's drink Agata..without any reward.. They buy sometimes, my friends in poland, but not like in latin countries... and in Sweden no one bought..."

o inglês não é o melhor mas a resposta é elucidativa. temos de nos sujeitar? nah. sujeita-se quem quer. quem não quer, pode sempre fazer pela vida e abandonar o barco.

"dizes mal delas, depois corre-te mal, como com a outra de psicologia"

e eu a pensar que a impossibilidade era mais de ordem monetária. ou que derivasse do facto de se ter atirado uma matilha de cães ao mesmo osso, como sempre acontece neste nosso belo país. ou até, quem sabe, da minha cor de pele ser demasiado clara. há surpresas nesta vida...

enfim, frase a reter: "não és um modelo, tens de te sujeitar". tudo bem. lol. como a beleza é um conceito subjectivo, até dou de barato que sou feio como o caralho. seja. mas então eu pergunto: sou gordo? não, pois não? tenho o corpo todo fora do sítio? não, pois não? sou estúpido? não, pois não? sou ranhoso? não, pois não? objectivamente, não. então, senhor andré paulo, faça o favor de me dizer onde estão os espécimes que, apesar de não primarem pela beleza, não têm o corpo em forma oval, nem a cabeça oca como um kinder surpresa sem a surpresa.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

win-win

vim pa casa ontem. sim, fiz fold à melhor tradição da noite da mulher do país, nas palavras dos próprios, e vim pa arcos de valdevez. sou um parvalhão, eu sei. anyway, ao chegar, após ter disparatado sobre uma série de coisas e ter afirmado que fiquei em braga no fim de semana para ir pa farra, a minha mãe fez a seguinte pergunta: "então, que achas da morte do panasca?" ao que eu respondi "são 2 inúteis que vão desaparecer do mapa. um vai pa cadeia, o outro po cemitério. win-win". se bem que, em abono da verdade, possivelmente a cadeia não vai ser menos do que um sonho para esse renato. é que quem vai pa nova iorque com o carlos castro não tem por onde negar as evidências. eu se chegasse a casa e dissesse ao meu pai: "olha pai, vou com o carlos castro pa nova iorque"... comia logo no focinho. e eram muito bem dadas, diga-se.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

não tenho telemóvel

uma coisa que costuma espantar as pessoas é quando eu digo que não tenho telemóvel. é verdade, não tenho. sim, eu sei, é uma coisa quase inacreditável nos dias que correm, mas tem a sua razão de ser. para que serve um telemóvel na verdade? dir-me-ão que serve para o óbvio: telefonar, mandar mensagens, tirar fotos, ouvir mp3... mas afinal, por trás dessas funções óbvias, que propósitos serve o telemóvel? bem, um dos mais óbvios é talvez aquele que envolve a macaquice. possivelmente não será surpresa pa ninguém que as sms são hoje em dia uma ferramenta essencial para qualquer macaco que se preze. não há verdadeira macaquice sem marcação cerrada via sms. outro propósito bastante óbvio prende-se com a obtenção de ajuda em situações de emergência. outro ainda deriva das necessidades profissionais inerentes a certas profissões. que mais? pouco mais. e assim se torna fácil de explicar porque razão não tenho telemóvel: simplesmente porque não me faz falta. não tenho namorada a quem aturar, nem me passa pela cabeça vir a ter, como já tornei público, emprego também não tenho, e quanto a situações de emergência, até ver ainda não precisei de um pa nada. claro que sei que há alturas em que até me daria jeito, mas tal não é suficiente pa justificar a posse e manutenção de um telemóvel.

sempre que me perguntam como é possível não ter telemóvel, acabo por responder uma coisa do género: "simples, não sou macaco, não gosto do peso que me faz no bolso, não gasto dinheiro a manter a tmn e não fico ao alcance de quem me queira chatear a cabeça, que era o único uso que o telemóvel ia ter, permitir que me chateassem". pode ser desconcertante, mas geralmente não há como argumentar. a mim, o telemóvel não me faz falta, a verdade é essa. se fizesse, simplesmente tinha um, não é?