quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

understood?

há dias, na festa de anos do confusing, a certa altura a mãe dele entra em casa, e ao ver a composição da sala, fez a seguinte pergunta: "as vossas namoradas, onde estão?". obviamente, a reacção a tão tola pergunta foi uma gargalhada geral. lol. num país normal a pergunta até faria sentido, agora em portugal, está ao nível de ir a uma convenção de sem abrigos perguntar-lhes a morada. sim, eu sei que escrevi convenção.

mas é assim, volta e meia perguntam-me por estas parvoíces. normalmente respondo com uma gargalhada ou um sorriso. quando insistem, então tenho de dizer que não quero uma namorada para nada. e apesar de esta ser toda a verdade, admito sem qualquer problema que o querer em nada mudaria a situação, pois querer há muito quem queira e no entanto poucos são os que largam a mão.

bear grylls, no últimate survival diz que uma das regras fundamentais da sobrevivência é não gastar mais energia na obtenção de uma refeição do que aquela que essa dita refeição nos vai proporcionar. é pura matemática e faz todo o sentido. e é um ensinamento que eu tento pôr em práctica sempre que possível. a realidade é esta: as tugas, em geral, são feias, gordas e ranhosas, mas com muita sortinha pelo meio, são também um produto raro, tal como água no sahara, ou restos de comida no kenya, e assim sendo, o seu valor de mercado é obscenamente elevado. reparem que todo e qualquer homem português que queira uma namorada, terá uma tarefa hercúlea pela frente: bater os outros 20 ou 30 que têm o mesmo objectivo e alvo, processo extremamente violento e dispendioso. e finda esta épica batalha, não se pense que o herói que saíu vitorioso da mesma vai então ter uma vida idílica de paz e harmonia. não. tal e qual um rei que vê o seu castelo cercado e sob ataque, há que fazer os possíveis por rechaçar os agressores, que chegarão de todo o lado em forma de "amigos". é uma luta desigual, e que em última instância não pode ser ganha. o que fica no fim, é o dinheiro, tempo e sanidade queimados em vão, o arrependimento. a verdade é só esta.

e então eu pergunto, do alto da minha inocência, porque haveria de querer entrar numa luta obscena como esta? por quem? para quê? alienar aquilo que é meu, só e apenas para ser servo de alguém que na verdade, não vale o menor esforço, na certeza de que por cada ordem que não queira cumprir há uns 20 ou 30 macacos em linha dispostos a faze-lo? nah. namorada por cá? no fundo é como ter um carro velho que só dá despesas e pouco anda. dir-me-ão que mais vale um carro velho do que andar a pé, e eu compreendo a validade de tal argumento, mas quanto a mim, prefiro esperar até ter um carro em condições do que andar com um que sei que mais cedo ou mais tarde me vai deixar na merda, apeado numa berma.

1 comentário:

elctron_force disse...

grande post. Acho que devias escrever um livro a serio ! simplesmente fantastico,um discurso carregado de metaforas e recursos estilisticos,nem o grande eça seria capaz d dizer tanto em tao pouco e tao bem. Parabens