domingo, 4 de outubro de 2009

baixem-se os braços

vou contar um episódio que se passou no enterro da gata no ano passado. era uma quarta-feira, e grande surpresa, era noite para o quim barreiros repetir mais uma vez o que vem fazendo desde que se lembraram de o chamar. chovia muito, muito mesmo. foi o primeiro ano que o enterro se realizou junto ao estádio o que desde logo passou a envolver viagens de autocarro, essas que sempre são tão animadas. fui à campeão: calções e manga curta. mal pus os pés fora do autocarro, uma espécie de dilúvio caíu-me em cima. talvez devido à chuva não havia muita gente a entrar ou a saír do recinto. dei uma corrida até à entrada, mas ser revistado parou-me por lá. estava já bastante molhado, quando entrei no recinto tinha já desistido de correr, não valia muito a pena. ao mesmo tempo que eu entrou uma rapariga que tinha um guarda-chuva. não havia mais ninguém por perto, estava tudo lá pa cima nas barracas ou abrigado em qualquer sítio. íamos os 2 lado a lado. olhei pa ela, e não pude deixar de sorrir. reconheci ali aquela ranhosice tão tuga. a maior parte das vezes encolho os ombros e penso "enfim", agora mais ainda, pois a saturação é bastante maior, mas daquela vez, tive de dizer umas verdades. e foi mais ou menos assim:

daniel - olha, és impecável. eu à chuva aqui mesmo ao teu lado e tu nada. se calhar estragava-te o guarda chuva.
ranhosa - oh, anda abrigar-te então.
daniel - agora não vale a pena, já tou todo molhado. deixa lá, tiveste bem.

e estava. todo encharcado. já nem valia a pena fazer nada. fui pa tenda da rum abrigar-me. estava à pinha. tava cheio de frio com a roupa colada ao corpo. no meu canto. tinha-me perdido do pessoal com quem tinha vindo, nos autocarros. haveria de os encontrar mais tarde, mas adiante... estava eu no meu canto, todo encolhido, e chega-se uma rapariga à minha beira que me disse assim:

rapariga - olha, tens horas?
daniel - não, não tenho
rapariga - e não sabes a que horas começa o quim barreiros?
daniel - não faço ideia, mas deve começar mal pare de chover.
rapariga - pois, também tá a chover tanto.
daniel - ya, tem de chover sempre.

estava eu no meio desta conversa super interessante, quando vindo não se sabe de onde, aparece um morcão, que se chega junto da rapariga e lhe põe o braço à volta dos ombros. naquele momento, eu ri-me, bastante. depois abanei a cabeça e virei costas.

a roupa acabou por secar no corpo. custou mas foi. e no dia seguinte, tava impecável, não tinha qualquer pneumonia como muitos vaticinaram que iria ter. anyway, foi só uma historiazinha que ilustra algumas das coisas que eu tanto adoro neste povo a que por azar pertenço.

2 comentários:

kokiku disse...

Se tivesses uma camisola de de puta madre, um blazer branco ou madeixas loiras talvez aquela menina simpatica tinha-te dado boleia!!
Pah, nao fazes parte da moda macaco. Desculpa-la!

Daniel disse...

pois. viva portugal. terra de boa gente:p