sexta-feira, 23 de julho de 2010

I (L) portugal

ontem fui ao açougues. tive a jogar virtua tennis. pode parecer deprimente, mas as noites em portugal não dão para mais do que isto. jogar poker, jogar pes, dizer parvoíces, comer gelados. é por aí. claro que, objectivamente, é díficil de conceber que o momento da noite possa ser comer um cachorro, ou ver o foguetes a fazer parkour, mas a verdade é que é essa a triste realidade. contado, ninguém de fora acredita, eu sei, mas, enfim, antes que me perca por outros assuntos, vou mas é contar-vos uma bonita história de amor que tive a sorte de presenciar ontem à noite: pois bem, estavam 2 espanholas ontem no açougues. não sei porquê. não me perguntem que não sei. sei que estavam, e possivelmente sabemos todos que eram as 2 únicas mulheres no meio do canavial. isto em si nada tem de especial, é só e apenas uma noite normal em arcos de valdevez, uma noite normal em portugal. no entanto, a entrada em cena de 2 azeiteiros virou o cenário de pernas para o ar. estavam os 2 já razoavelmente embriegados, como manda a lei aliás, bastante bem vestidos, com camisolas de alças que realçavam as panças e, no caso do mais gordo, a tatuagem da federação portuguesa de futebol que tinha no braço e, há que dizê-lo, tinham ambos o dom da palavra, notava-se claramente a influência dos grandes poetas do passado no discurso destes senhores. e, bem, estavam eles para lá a recitar partes dos lusíadas quando a certa altura, o da tatuagem, resolve perguntar como se diz "bébé" em espanhol. foi uma pergunta à qual respondi "acho que é niño". e foi assim que se pôde ouvir um "fazia-te um niño" dirigido à espanhola, e que teve tanto de espectacular como de belo. uma sonoridade a fazer lembrar o chilrear de um passarinho na primavera. não posso agora precisar qual foi a reacção da espanhola, mas estou em crer que lhe passou pela cabeça qualquer coisa tipo: "tava a ver que ninguém se oferecia, foda-se"...

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