já repararam como até pela música dá para ver que portugal é um país à parte? acompanhem-me. a música, umas vezes mais, outras vezes menos, acaba por reflectir culturas e experiências pelo que não pode ser uma surpresa para ninguém a brejeirice, mau-gosto e primitivismo que caracterizam a música portuguesa. é o reflexo daquilo que somos enquanto povo. vai daí, por exemplo, enquanto beyoncé canta "broken hearted girl", ruth marlene apela ao "truca-truca":
hoje em dia esta malta está maluca
na terra inteira só se pensa no truca-truca
conversas, já não há, beijinhos também não
ate o namorico está em vias de extinção
bonito sem dúvida. e verdadeiro, logremos apenas substituir "terra inteira" por "portugal". paralelismo semelhante pode-se estabelecer entre outras 2 "músicas" das mesmas "artistas". beyoncé oferece-nos "if i were a boy", uma canção que espelha as amarguras a que os homens, seres insensíveis, sujeitam as mulheres. já ruth marlene deu ao mundo a bonita cantiga de amor de nome "mexe mexe que eu gosto". parecido. no fundo só muda a linguagem.
alarguemos agora as comparações a outros "artistas". hmm talvez "i hate this part" das pussycat dolls, contra "já não sou bébé" da romana, essa epopeia dos tempos modernos onde romana deseperadamente clama por aceitação, entre outras coisas:
já está na hora de veres como sou
tambem por mim o tempo passou
e já te olho com outro olhar
e a criança que dantes tu vias
hoje é mulher e tem fantasias
a cada um a sua cruz. romana com os seus dilemas de gosto duvidoso, nicole scherzinger com o coração em pedaços:
i hate this part right here
i hate this part right here
i just can't take your tears
i hate this part right here
i know you will ask me to hold on
and carry on like nothing's wrong
but there's no more time for lies
cause i see sunset in your eyes
quase faz pena de facto. mas voltemos por momentos a ruth marlene. diz a poetisa assim:
quando os rapazes vêm com ela fisgada
daqui não levam nada
ai daqui não levam nada
e quando algum quer fazer logo marmelada
então, só à estalada,
ai então, só à estalada
chamo a atenção para a rima complexa e bonita, bem como para a profundidade desta problemática. e muito folgo em saber que a ruth marlene é uma mulher às direitas. esses bandidos que querem fazer logo marmelada só têm que ser corridos à estalada. é assim mesmo.
bem, mas estar-se-ão vocês a indagar neste momento "e homens? só falas em artistas femininas?". ao que eu respondo: não, claro que não, vou falar no emanuel também. o rei da música ligeira. esse contador de histórias de embalar, portador de sonhos, qual vento que espalha os aromas da primavera. com um reportório tão recheado de sucessos, destaco talvez o "píri-píri":
a dona rosa era triste e infeliz
porque o marido já não era bom amante
foi então que uma amiga a aconselhou
dar ao marido um jantar muito picante
que dizer sobre este pedaço de arte? são estes os dilemas que a vida nos coloca. são estes os problemas reais. e é precisamente a capacidade que emanuel tem de os transformar em arte, que assegura a sua imortalidade neste que é um mundo de mortais.
só para acabar, enquanto fergie apregoa orgulhosamente "big girls don't cry", e katy perry teme pelo seu amado que partiu para a guerra em "thinking of you", ruth marlene, quem mais, mostra-nos inequívocamente que viveu à frente do seu tempo. falo como é óbvio daquele que é provavelmente o primeiro testemunho da existência de macacos:
todos os homens têm suas artimanhas
p'ra conquistar fazem coisas geniais
mas as mulheres já conhecem suas manhas
sobretudo o piscar de olhos que é o que eles usam mais
a piscadela dizem eles nunca falha
e é um gesto que em nada parece mal
por isso andam por aí aonde calha
onde houver mulheres bonitas só se vê este sinal
claramente, ruth marlene foi a primeira mulher a documentar a existência deste especíme que hoje em dia sobrepopula portugal. algum crédito lhe seja dado. a parte das mulheres bonitas é que deve ter sido só para rimar... que de resto não tou a ver:p.
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1 comentário:
Que caralho andas tu a ouvir?!?
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