lancheiras

um novo flagelo atingiu os arcos. não falo da droga. não falo do novo clube de motas. não falo da azenha. esses são já sobejamente conhecidos. falo das lancheiras. não sei se é por causa da novela, não sei se é demência colectiva, o que eu sei é que arcos de valdevez tornou-se poiso de gente desinteressante que vem comer arroz de pato com pataniscas e coxas de frango em tudo o que seja relva. pode até ser no meio da rotunda, não interessa. é um sem fim de autocarros cheios de gente que vem para aqui sujar e entupir. por mais ridículo que seja, a verdade é que ao fim de semana, a marginal fica congestionada, qual grande metrópole em hora de ponta...

no rio nasce também gente estranha e inútil. é gente que aparece vinda não se sabe de onde, e depois desaparece, exactamente da mesma maneira que apareceu. ninguém entende. é gente que monta tendas gigantes no imenso areal da praia fluvial da valeta, talvez para escapar à ventania ciclónica que às vezes se levanta sem aviso. é gente parva. levar tenda po rio? normalíssimo.

eu só pergunto: porquê? porquê arcos de valdevez? tá bem que isto até nem é feio, mas o que raio tem de especial a relva aqui? e porquê é que é sempre gente desinteressante? ou excursões de velhotes, ou de parolos, ou de ciclistas, ou de motoqueiros... porque é que nunca pára nada de jeito aqui? é que muito sinceramente, gente desinteressante já nós temos aqui aos pontapés, e eu sempre ouvi dizer que é estúpido levar areia para a praia. enfim, sempre tive a sensação que os ares dos arcos atraem escumalha, e deve mesmo ser isso. quem deve ficar contente são os gatos e os cães vadios. eu se fosse um gato preferia ser um gato vadio. quer dizer, em casa tinha de comer cereais de merda. na rua, coxas de frango, perdidas no meio da relva...