quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

desde 1997 a ser roubado

há uns dias, fui vítima de um roubo escandaloso que fez com que tivesse de repetir o exame de desenho. um roubo mais escandaloso do que a mão do henry contra a irlanda. e digo isto sabendo bastante bem a quantidade de trogloditas que não conseguiriam desenhar dois cubos um em cima do outro, e que, no entanto, passaram. pois que jurei a mim mesmo que quando chegasse a altura de repetir o exame, não ia dar qualquer hipótese que me fodessem de novo. de certa maneira não dei. de certa maneira foderam-me na mesma.

o exame foi hoje. tinha 2 desenhos. ambos para serem feitos com rigor. o primeiro, não era nada de transcendental. eram dadas 2 vistas, pedia-se uma representação isométrica da peça, a realização de um corte longitudinal, e a vista lateral esquerda. obviamente, não demorei muito a desenhar a peça. como não havia qualquer especificação, cortei a peça a meio, longitudinalmente como é óbvio. a vista lateral esquerda, não oferecia também qualquer dificuldade. esta parte valia 14 pontos. 6 para a representação, 6 para o corte, 2 para a vista lateral esquerda. fiz o que tinha a fazer, tudo direitinho com as mariquices todas, e passei po segundo desenho.

era esse mais complicado. uma figura um tanto ou quanto esquesita, mas, ainda assim, nada do outro mundo. acabei por visualizar a peça, e desenhei aquilo de forma quase perfeita. todos os tracejados incluídos, as vistas todas a baterem certo. tava tudo no sítio. tudo, tudo.

ao fim, o professor, conforme ia recebendo exames, ia-os corrigindo e informando o aluno em questão sobre a sua classificação final. pareceu-me que ia saber logo ali qual seria a minha nota. mas não pude. não pude porque houve umas gajas que estiveram o exame todo a fazer o choradinho ao professor. mas de forma absolutamente descarada. eu ouvi uma a dizer assim: "oh, professor, mas não dá para dar mais uns pontinhos nesta aqui?" ao que o professor respondeu "mas nessa já te dei a cotação máxima". foi tanto o choradinho, que tive de vir embora sem saber a minha nota, sob pena de perder o autocarro para braga. o que é verdadeiramente mau, é que não só conseguem o que querem, como põem o professor na pele de robin hood, roubando a uns para dar a outros. eu vi gente a entregar o exame que tinha o segundo desenho num estado lastimável, todo mal feito, sem qualquer rigor, linhas todas tortas, sem qualquer correspondência com as vistas dadas. e no entanto, fui ouvindo anunciar, 13's, 14's, e até 15's. pensei eu na minha inocência: "bem, se eles com o desenho assim têm estas notas, é bom sinal". devia ser. mas não. não sei se é por eu não ter mamas, se é uma questão de se ter de compensar dum lado o que se oferece do outro... só sei que fui alvo do roubo do ano. tive 12. e a verdade é só uma, não chumbei, porque era absolutamente impossível ser chumbado com o exame que fiz. o meu irmão ficou à espera pa saber as notas, visto não ter de apanhar o autocarro, e ao que parece, o corte que eu fiz estava mal feito. claro, que coincidência. fui logo errar na questão que não era absolutamente objectiva. logo naquela em que vários cortes serviam, visto que a única restrição era serem longitudinais. claro. o meu corte estava mal. alguma maneira haviam de arranjar. arranjam sempre. 6 pontos roubados nesta brincadeira. e mais 2 em mariquices, imprecisões. assim se transforma um 18 num 12. foi este o maior roubo que alguma vez me fizeram. obviamente vou lá ver o exame, e sempre quero ouvir a "justificação". claro que vou ter de manter a boca fechada, caso contrário nunca mais fazia a cadeira. mas pronto, for what it's worth, maior roubo de sempre.

e eu, sou já um veterano nestas andanças. desde o ciclo que ando nisto. no fundo sou como uma pastelaria que faz bolos tradicionais. como uma cooperativa que produz vinhos de excelência. como qualquer empresa que vende um produto de qualidade ano após ano:

joão daniel, a ser roubado desde 1997. 13 anos no mercado, sempre no topo.

no ciclo e no liceu, era a minha letra que era feia, ou a participação nas aulas que deixava a desejar, ou os trabalhos de casa, ou o facto de o meu pai não ser médico nem ter uma bomba de gasolina. eram estes os subterfúgios que usavam para justificarem os roubos. as minhas notas eram sempre arredondadas para baixo. às vezes mais do que um valor. em educação física tinha de ver as "meninas" que nunca faziam aula, nem conseguiam practicar qualquer desporto que fosse a terem mais do que quem na verdade fazia as aulas razoavelmente bem. a português, fruto de não gabar as botas à professora, ou a nova mala, fui obrigado a ir recuperar o que me roubaram no exame nacional. pelo menos essa teve de engolir um sapo. enfim, a lista é enorme, nunca mais acaba. na universidade, junto com este roubo de hoje, mas não ao mesmo nível, coloco aquele de que fui alvo num exame de álgebra, em que a professora me garantiu que não valia a pena colocar a versão do exame que eu fiz se o enunciado estivesse no meio das folhas de exame, mas que depois, aquando da correcção me valeu um 8. normal, metade da cotação do exame ardeu com a escolha múltipla. o meu 16 passou a 8. curiosamente, quando repeti o exame, sem ter estudado mais um minuto que fosse, fui lá buscar o 15. dessa vez esqueceram-se de mim. certamente que o (i)responsável foi despedido(a).

enfim. é esta a minha sina.

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