vou contar um episódio que se passou no
enterro da gata no ano passado. era uma
quarta-feira, e grande surpresa, era noite para o
quim barreiros repetir mais uma vez o que vem fazendo desde que se lembraram de o chamar.
chovia muito, muito mesmo. foi o primeiro ano que o
enterro se realizou
junto ao estádio o que desde logo passou a envolver
viagens de autocarro, essas que sempre são tão animadas. fui à
campeão: calções e manga curta. mal pus os pés fora do
autocarro, uma espécie de
dilúvio caíu-me em cima. talvez devido à chuva n
ão havia muita gente a entrar ou a saír do recinto. dei uma corrida até à entrada, mas ser revistado parou-me por lá. estava já
bastante molhado, quando entrei no recinto tinha já desistido de correr, não valia muito a pena.
ao mesmo tempo que eu entrou uma
rapariga que tinha um
guarda-chuva. não havia mais
ninguém por perto, estava tudo lá pa cima nas
barracas ou abrigado em qualquer sítio. íamos os 2
lado a lado. olhei pa ela, e não pude deixar de
sorrir. reconheci ali aquela
ranhosice tão
tuga. a maior parte das vezes encolho os ombros e penso "
enfim", agora mais ainda, pois a
saturação é bastante
maior, mas daquela vez, tive de dizer umas
verdades. e foi mais ou menos assim:
daniel - olha, és impecável. eu à chuva aqui mesmo ao teu lado e tu nada. se calhar estragava-te o guarda chuva.
ranhosa - oh, anda abrigar-te então.
daniel - agora não vale a pena, já tou todo molhado. deixa lá, tiveste bem.
e estava. todo
encharcado. já nem valia a pena fazer nada. fui pa tenda da
rum abrigar-me. estava à pinha. tava
cheio de frio com a roupa colada ao corpo. no meu canto. tinha-me
perdido do pessoal com quem tinha vindo, nos
autocarros. haveria de os encontrar mais tarde, mas adiante... estava eu
no meu canto, todo encolhido, e chega-se uma
rapariga à minha beira que me disse assim:
rapariga - olha, tens horas?
daniel - não, não tenho
rapariga - e não sabes a que horas começa o quim barreiros?
daniel - não faço ideia, mas deve começar mal pare de chover.
rapariga - pois, também tá a chover tanto.
daniel - ya, tem de chover sempre.
estava eu no meio desta
conversa super interessante, quando vindo não se sabe de onde, aparece um
morcão, que se chega junto da
rapariga e lhe põe o braço à
volta dos ombros. naquele momento, eu
ri-me, bastante. depois
abanei a cabeça e virei costas.
a roupa acabou por
secar no corpo. custou mas foi. e no dia seguinte, tava
impecável, não tinha qualquer
pneumonia como muitos vaticinaram que iria ter.
anyway, foi só uma historiazinha que ilustra
algumas das coisas que eu tanto adoro neste
povo a que por azar pertenço.